8 de jan. de 2014

LA BOCA

Hermanos argentinos no Caminito, casas coloridas, seu futebol disputado, seu churrasco grelhado... esqueça! 












Mas que La Boca vai te tirar o fôlego como se corresse 90 minutos no campo na Bombonera, ah isso vai!


Objetivo:
Ganhar o maior número de pontos de vitória disputando um tétris semi-cooperativo!





Componentes:
Caixa-tabuleiro
11 peças coloridas de madeira
64 cartas com 128 objetivos
100 fichas de pontos de vitória
6 tabuleiros de jogador

30 fichas de parceiros
1 cronômetro eletrônico
Livro de regras





O Jogo:
Não entendeu nada do que eu falei? Tudo bem, porque La Boca de tema não tem nada, sendo um grande jogo abstrato, festivo e acreditem, ainda por cima, cooperativo!

Cada jogador deve construir, com pecinhas de madeira colorida, um projeto “arquitetônico” no menor tempo possível. Cada peça possui um formato diferente, de cubos a paralelepípedos, e “L”s tridimensionais.


O que torna esse quebra-cabeças tão peculiar é que ele deve ser jogado em dupla, e cada jogador possui projetos diferentes. Simultaneamente, usando as mesmas peças, ambos os jogadores devem cumprir os seus objetivos distintos no menor tempo possível. Jogando de frente um para o outro, eles podem se comunicar, mas não podem ver o projeto do companheiro. Quando ambos os lados afirmam ter terminado, zera-se o cronômetro e marcam-se os pontos.

O jogador seguinte sorte-a seu novo parceiro, e um novo desafio se inicia. Isso se repete até que todos os jogadores tenham jogado um com o outro.

Essa idéia simples, mas genial, dá à La Boca uma série de vantagens. A primeira, e mais desafiadora delas, é o desafio espacial, de ver um desenho bidimensional e transformá-lo numa construção tridimensional.

O segundo desafio é ser capaz de compreender que o mesmo projeto pode ser executado de várias maneiras diferentes, e nem sempre a primeira versão é a que funciona, pois ela precisa funcionar para ambos os jogadores. É nesse momento que muitas duplas se atrapalham, pois não conseguem visualizar o que pode estar acontecendo do outro lado, como aquelas peças se comportam.




O terceiro desafio, regra do jogo, é não deixar nenhuma peça flutuando. Vocês não tem idéia do que é ver o cronômetro rodando, seus pontos voando, e ainda ter uma maldita quina vermelha flutuando no “céu argentino”. Às vezes, a casa vem abaixo e é preciso começar do zero.



E pra fechar, o quarto desafio, que torna esse jogo semi-ccoperativo, competitivo, e super divertido, é o fator humano. Você é parceiro de um jogador que daqui a alguns segundos estará competindo com você, tudo junto e misturado, como as casas no Caminito. Você torce contra e a favor, sentimentos dúbios e simultâneos.

O jogo ainda possui um modo avançado, quando se inclui a peça vermelha... *cri cri* todos tremem e somente os corajosos incentivam! Como uma peça pode mudar tanto? Acredite, pode! Mas não vou estragar a surpresa, você vai ter que experimentar!

Comentários:
O casal alemão Inka e Markus Brand possui um vasto currículo lúdico, mas ganhou reconhecimento mundial com o sucesso Village, eurogame caprichado campeão do Spiel des Jahres 2012. Com La Boca, eles provam que não são designers de um título só, versáteis e inteligentes, vão do abstrato ao temático, do festivo ao euro, sem se perder.

La Boca foi, sem dúvida, o party game mais comentado desse segundo semestre lúdico, pré-Essen. As mesas se tornaram disputadas, com lendas instantâneas

despontando de cada joga, seja pro lado bom ou lado ruim (se você não tem visão espacial, fuja!). A familiaridade do tétris atrai as pessoas, e a disputa contra o tempo deixa as emoções no limite da loucura. Combinação bombástica com simplicidade merecendo o reconhecimento nas mesas.

Já falamos aqui na Ludo de outros títulos semelhantes, como o Ugg-Tect, mas cada um tem sua particularidade, seu charme e todos são, garanto, muito divertidos. Puxe sua carta, zere o cronômetro e prove quão bom você é em La Boca!

Designer: Inka e Markus Brand
Publisher: Kosmos, várias
Ano: 2013
De 3 a 6 jogadores
Duração: 40 minutos


[Resenha publicada originalmente na Ludo Brasil Magazine nº 34]

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