31 de jan. de 2013

Troyes

Por Fabrício Mello

A primeira coisa que chama a atenção quando conhecemos o jogo Troyes (2010) é a arte falsamente austera do desenhista francês Alexandre Roche. Desde a ilustração da caixa, passando pelo tabuleiro até chegar às cartas de ação, todo o projeto gráfico, quer agrade ou não, inevitavelmente causa admiração ao observador atento. Roche, que ilustrou também Rattus e Carson City, entre outros, criou em Troyes uma verdadeira releitura quadrinista dos vitrais de uma catedral gótica. Esse projeto envolve os jogadores na atmosfera medieval da cidade-título e é o grande responsável pela preservação do tema nesse jogo de colocação de trabalhadores profundamente abstrato, peculiar e inteligente.

Troyes, a cidade, é uma comuna francesa milenar às margens do rio Sena, a sudeste de Paris. Como em qualquer cidade europeia antiga, na sua história não faltam intrigas e conflitos armados. Já no século V, diz a lenda, o Bispo Lupus de Troyes (hoje santificado) foi responsável por evitar uma invasão de Átila, o Huno. Troyes, o jogo, tem como um dos seus pontos focais o enfrentamento constante de crises externas, em paralelo com o projeto da construção da Catedral de Troyes, que começou em 1200 d.C. e só terminou quatrocentos anos depois. O sistema de Troyes é lavra de um time de três designers belgas, Sébastien Dujardin, Xavier Georges e Alain Orban (foto). Cada jogador é o chefe de uma família importante da região de Champagne, onde se localiza Troyes, e usa a sua influência para contratar cidadãos dos domínios militar, civil e eclesiástico. Os membros da família são os trabalhadores, cuja colocação em três regiões distintas do tabuleiro dá ao jogador o direito de lançar um número preciso de dados vermelhos (militares), amarelos (civis) e brancos (eclesiásticos). 



Em cada rodada, todos os jogadores jogam os dados a que têm direito e os mesmos são colocados no centro do tabuleiro. Depois, um a um os jogadores usam esses dados para realizar diferentes ações disponíveis em cartas de atividade que são colocadas no tabuleiro dentro de cada uma das três áreas temáticas. A colocação das cartas é aleatória, o que dá ao jogo variedade e longevidade. As ações escolhidas resultam em recursos financeiros, pontos de vitória e outros benefícios.

Troyes é, em suma, um jogo de colocação de trabalhadores ao quadrado. Os meeples são colocados para reservar direito a se jogar dados que, uma vez lançados, serão eles próprios também colocados em pontos do tabuleiro para servir aos objetivos do jogador. É um mecanismo peculiar e, ao mesmo tempo, uma inserção bastante original de aleatoriedade numa classe de jogos que é em geral caracterizada pelo determinismo.



Mais informações:
Jogadores: 2 a 4
Duração: 90 min
Idade: 12 anos
Editora: Z-Man, Pearl Games, uplay.it
Valor médio: U$30

 

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